Psicopedagoga fala sobre a importância de organizar o dia a dia das crianças e como falar sobre o coronavírus com com elas

As crianças perderam o contato com os amigos, os momentos de brincadeiras fora de casa e até o espaço de aprendizagem. A pandemia do coronavírus tem transformado o modo de viver.

Com tanta energia acumulada dentro de casa, os pais e responsáveis precisam se desdobrar neste momento de distanciamento social.

Segundo a psicopedagoga Gabriela Costa Amaral Ribeiro, a rotina é essencial para o ser humano, logo, com as crianças não é diferente.

“A criança precisa ter uma rotina parecida com a que ela tinha antes do distanciamento, para se organizar internamente. Se os pais não fazem isso, não dão limite ou não estabelecem regras, vira uma bagunça interna mesmo. Isso pode deixar a criança agitada e mais nervosa.”

Para ajudar os pais nesse período, a psicopedagoga sugere criar um cronograma diário para as tarefas, brincadeiras e descanso das crianças.

De acordo com a Gabriela, é importante determinar o horário e o que a criança vai fazer naquele dia, com base na rotina antes do distanciamento social.

Entretanto, é preciso saber que o cronograma não pode ser engessado e cobrado com muita rigidez, pois isso pode causar tensão na criança.

Segundo a psicopedagoga, o roteiro de atividades é um caminho importante para o dia a dia do filho, mas não é algo que deve ser totalmente fixo. Tudo dependerá das condições de cada dia.

Brincar faz bem

A recomendação é de que os pais preparem atividades que vão desenvolver as habilidades mentais da criança, como as que incentivam a memória e atenção.

O tempo na frente do computador, da televisão ou smartphone também devem ser estabelecimentos para não ser nocivo à criança.

“É preciso delimitar no máximo duas horas diárias para ficar na internet. A recomendação é da Sociedade Brasileira de Pediatria, pois estudos mostram que um tempo maior faz mal para a vista, pescoço e até mentalmente, pois há muitos estímulos e isso deve ser limitado.”

Resgatar brincadeiras infantis, que nem todas as crianças conhecem, é uma boa opção para ocupar o tempo e gastar a energia deles no distanciamento social.

Ela conta que os pais podem ensinar atividades como a dança da cadeira, pega-pega, bambolê, balança-caixão, amarelinha até jogos de tabuleiro.

A internet também oferece diversas atividades que podem ajudar os responsáveis a buscarem alternativas para o momento de distanciamento social.

Estímulos positivos

Com o cronograma em mãos, a sugestão é incentivar a criança a continuar se dedicando à rotina estabelecida e a se comportar.

A psicopedagoga explica que é interessante fazer um “painel do comportamento” para que a criança possa preencher de acordo com as atividades que realiza ou deixa de fazer.

“É um trabalho com estímulo e deve ser feito todo dia. Se a criança faz tudo certinho, por exemplo, ganha um adesivo para colar no painel do comportamento. Se ela não faz, ela mesmo vai poder refletir sobre o comportamento dela. O mural precisa estar em um lugar de alcance, onde a criança mesmo possa se autoavaliar.”

Distanciamento social com bebês

Gabriela explica que quando os filhos são bebês é mais difícil manter uma rotina, principalmente, até os quatro meses de idade, por causa da amamentação mais frequente. Além disso, o sono do bebê é mais irregular e ele tem cólicas.

Com o passar dos meses, a criança mama menos e é possível começar a criar uma pequena rotina no dia a dia.

A indicação da psicopedagoga é definir melhor os horários da amamentação, do banho e das alimentações da mãe.

Outra opção é tomar sol com o bebê, dentro do horário permitido, separar um momento para brincar e conversar com o filho, oferecer brinquedos específicos para a idade do pequeno, que não tenha perigo de ser colocado na boca.

Reservar um momento do dia para ouvir música também é importante para o desenvolvimento da criança, segundo a psicopedagoga.

“Música é muito interessante para os momentos diários. Contar histórias também, por mais que eles não prestem atenção nessa idade, dá para contar histórias mais curtinhas.”

Na fase de engatinhar, a sugestão da Gabriela é incentivar a criança, por exemplo, a procurar por brinquedos em cima de tapetes de borracha.

“São atividades muito simples, que os pais vão criando para ir desenvolvendo a criança.”

Coronavírus e as crianças

É importante falar sobre o período de pandemia com os mais novos. Segundo Gabriela, é necessário explicar para as crianças na linguagem deles sobre o coronavírus.

“Pode ser bem sincero, falar que tem um vírus que deixa as pessoas doentes. Explicar que não pode ir na escola porque as pessoas ficam juntas lá e isso não pode acontecer porque as pessoas podem passar o vírus uma para a outra.”

Outra recomendação é separar momentos para que as crianças conversem por videochamada com os amigos da escola e com familiares.

Resgatar o elo

Gabriela ainda destaca que o distanciamento social tem exigido de muitos pais, mas ao mesmo tempo deve ser visto como um momento importante para olhar para a família e ver possibilidades de aproveitar esse período como algo positivo.

“É um momento para resgatar esse elo, porque está tudo terceirizado. A criança esqueceu o que é brincar e ler uma historinha com os pais. A gente se deparou com essa nova era acelerada, por isso é preciso olhar e repensar as ações em família.”

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