Na manhã desta segunda-feira (18), durante audiência convocada pela vereadora Teca Nelma (PSDB), a situação crítica das áreas de risco em encostas e grotas de Maceió, principalmente no período de chuvas, foi debatida por especialistas, que apresentaram detalhes das variações meteorológicas e como a equipe se planeja para evitar tragédias. No momento, a capital tem mais de 200 assentamentos irregulares.

Na ocasião, Teca Nelma lembrou que havia proposto a discussão no período da quadra chuvosa que atingiu Maceió este ano. Mas, como não foi possível em função da pandemia, a audiência serviu para divulgar ações planejadas para evitar desastres no próximo ano.

“Temos um espaço temporal para planejarmos os efeitos da quadra chuvosa do próximo ano. Lidamos com a ocupação de áreas de forma desordenada, deslizamentos de áreas verdes não preservadas e ausência de um plano de contingência. É um problema recorrente e atinge as populações fragilizadas do ponto de vista social”, disse Teca.

Já o meteorologista Vinícius Pinho, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente Recursos Hídricos (Semarh), lembrou o trabalho da Sala de Alerta. Segundo estudos disponíveis para a Semarh, o aumento do volume de chuva tem relação direta com o fenômeno meteorológico La Ninha.

Ele ainda afirmo que o mais importante é ter uma equipe capacitada e tecnologias capazes de prever e avisar com antecedência, evitando ocorrências mais graves nas áreas consideradas críticas. O acompanhamento incluí o volume de chuvas e seu impacto direto no nível dos rios.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, Aberlardo Nobre, o fenômeno La Ninha indica fortes chuvas para o próximo ano. Sendo assim, o município está antecipando e se preparando para obter uma estrutura necessária para o momento futuro.

“Não cabe mais o improviso. Para isso, no dia 29 de outubro., seis meses de antecedência, iremos apresentar o Plano de Ação para às Chuvas do próximo ano com as ações que cada secretaria irá fazer nos momentos de alerta. Isto porque o volume pluviométrico previsto para 2022 deve ficar acima da média”, disse Abelardo Defesa Civil.

A arquiteta Isabelle Missano estuda os deslizamentos de terra nas encostas e possíveis soluções preventivas com recomposição ambiental dessas áreas. Ela revelou que não há áreas de mata preservada, com exceção dos parques. Praticamente todas sofrem com ocupação irregular, além da especulação imobiliária.

“A ocupação urbana em áreas planas tem avançando muito na cidade, seja no litoral ou nas áreas planas da parte alta. Isso contribui de algum modo para a perda de áreas de absorção da água da chuva que por sua vez tem aumentado em volume”, informou Isabelle, defendendo mais pesquisas sobre os impactos do avanço humano sobre as cidades.

Para a professora da Ufal, Dra. Regina Lins, não falta planejamento urbano em Maceió,  citando o Plano Diretor. Para ela, o que falta é uma gestão que leve a sério o que foi planejado. “Insisto que Maceió não tem ausência de planejamento. Nosso plano diretor deveria ter sido revisado em 2015, mas ele não perdeu a validade O que temos é um planejamento sem gestão, ou seja, o que se planeja não é o que se implementa e o que se implementa não é o que se planeja. Precisamos é de mais integração, coordenação e mais conexão.”

Comunidades

O presidente da Associação dos Moradores do Alto do Cruzeiro e Adjacências, Leandro Manoel, revelou que as chuvas colocaram em risco sua comunidade, que tem muitas ruas de barro, além de buracos que dificultam o trânsito de veículos como ambulâncias.

“Precisamos que as autoridades olhem para a comunidade porque foram várias as inundações. Fiz muitos vídeos. Nós clamamos por socorro. Precisamos de alguma interferência antes que venham mais chuvas e voltarmos a sofrer novamente”, alertou Leandro.

Já o representante da comunidade do Benedito Bentes,  Ualisson Fidélis, detalhou a situação provocada pela chuva, já que mora perto a uma encosta e conhece a realidade das pessoas que vivem em situação de risco. Ele ainda defendeu uma ação articulada que possa levar em consideração os mais vulneráveis que moram em condições de risco.

Ualisson acrescentou que é preciso pensar, a partir de agora, o que será feito para evitar problemas no inverno “Há uma questão social muito séria, pois são pessoas que vivem em condições muito difíceis. Quem vive em grotas, vive porque não tem condições de ir para áreas planas”, enfatizou.

Infraestrutura

O secretário Municipal de Infraestrutura, Vandebilto Magalhães, destacou a importância do tema e aproveitou para fazer um relato das ações da pasta. Ele reforçou que o planejamento antecipado é o que pode evitar problemas mais graves no próximo inverno.

“A limpeza da Lagoa da Coca-Cola e a interação com o Estado foi importante porque ela é o principal local de captação de águas na parte alta. E a parte alta vem crescendo bastante. É necessário fazer uma dragagem e falta a conclusão do canal. Todas essas águas que chegam nela desaguam em Jacarecica e merece atenção pois seu volume vem aumentando. Fizemos várias ações de janeiro a agosto, entre elas mais de 12 mil metros de limpeza de galerias e cerca de 500 bocas de lobo revisadas. O lixo continua sendo o nosso maior inimigo. Tem que haver uma consicentização em massa e trabalharmos junto às lideranças para isso”, disse Magalhães.

A audiência foi prestigiada pelos vereadores Leonardo Dias (PSD) e Chico Filho (MDB), que compareceram e contribuíram com o debate.

*com informações da assessoria.

Fonte: TV Gazeta

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