O jornalista Zé Luiz, do programa “Do Balacobaco 2.Zé”, da 89 FM, tem um detalhe em sua bio nas redes sociais que não passa despercebido: pai da cantora Manu Gavassi. Com a participação da filha no “BBB 20”, o locutor se acostumou com o reconhecimento. E está enganado quem pensa que ele se incomoda com a fama de pai da cantora que ficou em terceiro lugar no reality show da Globo.
Em entrevista ao UOL, ele fala sobre como foi a experiência de se tornar um personagem do “universo expandido” do programa e revela os bastidores da elogiada campanha de marketing encabeçada por Manu nas redes sociais durante o confinamento.
A cantora e atriz, que fazia sucesso para um público mais segmentado antes de entrar no programa, viu a chance perfeita para ampliar seu nicho e assim alcançar novas mentes e corações. Para isso, Manu, que foi uma das participantes convidadas (lembra do grupo Camarote?), criou uma estratégia que dialogava com os acontecimentos do programa. Vitória na prova do líder? Manu aparecia de coroa. Indicada ao paredão? Manu recrutava o exército de fadas sensatas. Assim foi exibida a última temporada de “Garota Errada”, uma série de vídeos autoral que já existia antes do “BBB 20”.
Tudo em três dias
Zé Luiz conta que os vídeos foram gravados a toque de caixa, pois quase não houve tempo hábil antes de Manu ser capturada pelo “Big Brother”. Em três dias ela idealizou o roteiro e em apenas um dia gravou todos os vídeos com a ajuda de uma equipe enxuta, porém extremamente eficiente, que precisava dar conta da missão. O pai, claro, estava presente.
“A estratégia envolveu a família inteira, estávamos eu, Igor [o namorado de Manu Gavassi], amigos… Eram todos jogando confete! O pessoal acha que é uma estrutura bilionária, mas é supercaseira”, conta o pai.
Quando topou participar do “Big Brother”, Manu sabia que só se destacaria se conseguisse mostrar o conteúdo aqui fora. “Ela sempre foi uma artista que falava para um público específico e ela sabia que no ‘BBB’ a busca por ela cresceria.”
Garota errada
Mas, como mostrar quem ela era como artista? Simples: preparar um conteúdo baseado na série “Garota Errada”. “Foi um golaço”, comemora Zé Luiz. “Ela gravou o dia inteiro, cerca de 12 horas. Tem também vídeo dela campeã [que não foi postado]. A gente ria para gravar. ‘Manu, você acha que vai chegar na final?’. E ela chegou”, festeja o pai e fã número 1 da influenciadora digital, que, até o momento da publicação desta matéria, já se aproximava dos 14 milhões de seguidores no Instagram.
O radialista entrega ainda outra curiosidade. A equipe era reduzida para evitar vazamentos. Até mesmo da Globo a estratégia de Manu Gavassi foi escondida. “Foi com a confidencialidade de não deixar vazar antes dela entrar para não prejudicá-la. Vai que a Globo fala ‘não pode fazer conteúdo fora’. Agora todo mundo vai imitar”.
Além do vídeo de campeã, outros que não foram utilizados estão guardados. No dia em que a Globo foi buscá-la eu estava na casa dela. Ela encheu de post-its com os roteiros e, quando chegaram, arrancamos tudo da parede”, lembra.
‘Adoro ser o pai da Manu’
Com o programa no ar, Zé Luiz recebe elogios de ouvintes por ser o pai de Manu Gavassi. Esse é um reflexo da popularidade da filha, uma das responsáveis pelo paredão recordista de votos da história do “BBB”.
“Adoro ser o pai da Manu. Algumas pessoas falam ‘mas você não se ofende?’ Claro que não. A maior alegria de qualquer pai é ver o seu filho indo bem na vida.”
E a Manu está indo bem há algum tempo. “Agora isso foi amplificado no maior alto-falante do mundo ou, pelo menos, da América do Sul, que é um programa como o ‘BBB’ na maior emissora do país. Vejo tudo isso com muita felicidade e orgulho. O maior prêmio da Manu foi chegar à final. As três mulheres finalistas deram uma aula de empatia, amor e sensibilidade em um momento que temos o oposto, com a grosseria, a agressividade e o não se importar com o outro. A trajetória da Manu foi pautada por isso dentro do programa”, analisa.
O rastro da filha
O radialista diz que a fama da filha impulsionou as suas próprias redes sociais. Atualmente, ele tem mais de 122 mil seguidores no Twitter e 180 mil no Instagram. Os números, ele diz, mais do que dobraram. “É um público bacana, muito carinhoso. O ódio é sempre menor do que o amor. É muito gratificante”, afirma o pai, que é chamado de “tio” pelo exército da fadinha Manu.
Geralmente os haters são pessoas que não lidam bem com a própria vida e destilam o ódio. Me deixa puto, mas não me tira o sono. Por que destilar tanto ódio no entretenimento e não canalizar para mudar uma situação que está ruim de fato, como a situação do nosso país? O Twitter é esse tribunal de julgamento e essa máquina de ódio, mas ainda bem que a máquina de amor é maior.
Paredão com Felipe Prior
Com a filha no programa, Zé Luiz assistiu ao “BBB” de forma completamente diferente da qual estava acostumado. Ele votou, vibrou a cada vitória, se emocionou e comemorou especialmente o paredão que eliminou Felipe Prior, considerado rival de Manu no jogo. Foram mais de 1,5 bilhão de votos, um recorde reconhecido até mesmo pelo Guiness Book.
“Quando ela tirou o Prior foi Corinthians campeão. O bairro gritava e eu saí gritando na janela. Foi o momento!”, relembra. “É engraçado porque os haters falam que só foi paredão recorde porque o Prior estava lá. Eles comemoram a derrota. Milhões votaram para ele sair”.
“Votei muito nos paredões e nem sabia o que é fazer mutirão. Nunca tinha assistido ao ‘BBB’ desta forma. Foi uma experiência única. Deu tendinite, ansiedade, ao mesmo tempo deu prazer”, diz ele, aproveitando também para agradecer o apoio de Bruna Marquezine, grande amiga de sua filha.
“ O paredão com o Prior foi o que eu mais torci para que ela não saísse pela dimensão que ele tomou, com os jogadores de futebol, o filho do presidente contra a Manuela, Gabigol oferecendo camiseta… Eram pessoas emblemáticas contrárias e eu gostaria muito que ela ganhasse aquele momento para mostrar que um pouco de bondade não faz mal a ninguém. E ela ganhou. Foi marcante .
‘Oi, vamos conversar?’
Um dos momentos mais sensíveis e difíceis para Manu no “BBB” foi a conversa com Mari Gonzalez. Cedendo à insistência da colega de confinamento, Manu concordou em ter a conversa que Mari pedia há tempos. Na época, Zé Luiz chamou Mari de “mala” no Twitter e o marido dela, o modelo e ex-BBB Jonas Sulzbach, rebateu. Zé chegou a pedir desculpas, mas ele mantém a opinião sobre mas ele mantém a opinião sobre a ex-panicat.
“Talvez as pessoas não tenham entendido. Não é que eu me desculpei com o Jonas. Ele foi bastante agressivo e, quando respondeu, eu brinquei e ri. Ele tem razão em ficar puto, mas quanto à sororidade ele realmente tem que aprender. Além de sororidade ser outra coisa, uma das vítimas de uma trama dos homens foi a mulher dele. Tanto que virou meme: ‘oi, vamos conversar?’. O meme explica o que eu penso. Ela realmente precisava conversar e conversar?”, diz ele.
“O momento mais feliz foi quando Manu chegou à final. Era improvável. E junto de duas mulheres tão diferentes e iguais, com os mesmos princípios de vida. Foi a final que eu queria. A vitória da Thelma é emblemática para os tempos que a gente vive COMUNICAR ERRO.