De acordo com os números, em abril passado 11 empresas entraram em processo de recuperação judicial ou falência no Estado
Levantamento feito com exclusividade pela Gazeta de Alagoas junto ao Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) mostra que, com a economia travada, o número de pedidos de recuperação judicial e falência aumentou 83,3% na passagem de março para abril no Estado. No entanto, em comparação com o mesmo período do ano passado, houve redução de 54%.
De acordo com os números, em abril passado 11 empresas entraram em processo de recuperação judicial ou falência em Alagoas. No mês anterior, março, seis empresas entraram em tal situação. Em abril de 2019, o número de empresas que deram entrada em tal processo em Alagoas foi de 24. Até a última quarta-feira, 20, nenhuma empresa no Estado solicitou recuperação judicial ou falência no mês de maio.
Desde o dia 21 de março passado, a maioria das empresas alagoanas enfrentam a paralisação das atividades. Negócios que ofertam produtos ou serviços considerados não essenciais não podem abrir fisicamente as portas.
Um levantamento da assessoria econômica da Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio) aponta que, excluindo serviços essenciais não afetados com a suspensão, estima-se uma perda diária de R$ 53 milhões nas atividades do Comércio e de Serviços. Conforme a Fecomércio, o setor terciário (Comércio e Serviços) representa, em Alagoas, 49% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo responsável por empregar 66% dos trabalhadores celetistas e por 83,33% dos empreendimentos existentes, respondendo por 44% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado.
Levantamento mensal da empresa Serasa Experian mostra que no mês de abril foram registrados 120 pedidos de recuperação judicial em todo o País, uma alta de 46,3% na comparação com março. Já os pedidos de falência somaram 75, um aumento de 25% frente ao mês anterior.
Segundo o economista da Serasa Experian Luiz Rabi, por conta do isolamento social e das medidas de restrições, muitos cartórios e varas judiciais não funcionaram normalmente, o que provocou um represamento no número de pedidos. Por conta disso e do cenário de forte recessão, ele prevê uma avalanche de pedidos neste ano e um retorno ao patamar recorde observado durante a crise econômica de 2016. “Com a recessão se instalando e com as dificuldades que vários setores estão apresentando, tanto o número de falências quanto de recuperações judiciais são esperados que aumentem. Independentemente do tempo de isolamento, os impactos na economia já ocorreram e vão demorar para ser integralmente superados”, diz o especialista.
Os dados da Serasa mostram que nos períodos de crise os pequenos negócios são os mais vulneráveis e os mais impactados por processos de insolvência. Do total de 120 pedidos de recuperação judicial feitos em abril, 53 foram de micro e pequenas empresas, 44 de empresas médias e 23 de grandes empresas. De janeiro a abril, dos 377 casos no País, 226 envolveram pequenos negócios, 99 empresas de médio porte e 52 de grande porte. Nos 75 casos de requisição de falência, 39 foram contra micro e pequenas empresas, 20 contra grandes e 16 contra empresas médias. No acumulado no ano, dos 315 pedidos, 173 envolveram pequenos negócios, 85 grandes empresas e 57 as de média porte.
Na análise por setores, o levantamento da Serasa revela que o setor de serviços foi o mais impactado, com o número de solicitações de recuperação judicial saltando de 44 em março para 92 em abril. No mesmo mês do ano passado, foram 56. No comércio, foram 13 solicitações em abril, na indústria, 12, e no setor primário, 3.