Aldillany Maria, 20 anos, moradora de Girau do Ponciano, no Agreste de Alagoas, tirou nota 1 mil no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. Ela já havia conseguido duas notas máximas nas redações dos vestibulares 2019 e 2018 da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal).
Duas alagoanas obtiveram nota 1 mil na redação do Enem 2019, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em todo o Brasil, foram 53 redações com pontuações máxima, a maioria foi escrita por mulheres.
Desde que concluiu o ensino médio no Instituto Federal de Alagoas (Ifal) em 2016, Aldillany faz vestibulares na busca por realizar o sonho de cursar Medicina. Ela contou que a rotina de estudos era em um curso pré-vestibular em Arapiraca e em um curso on-line de redação, além de muito treino em casa.
A candidata alagoana atribui a conquista da nota ao apoio familiar e dos professores do cursinho e da redação e à rotina de treinos e estudos.
“Eu não acredito que não tenha muito segredo. É como sempre dizem: muito esforço, dedicação, leitura, estar sempre se atualizando. Geralmente fazia uma redação por semana. Sempre procurava ter essa disciplina de sempre fazer uma por semana e ir corrigindo com os professores”, disse a candidata de Alagoas.
Antes de contar para o G1 o que escreveu na redação, Aldillany pediu para deixar um recado para quem vai prestar vestibular. “Eu quero deixar um recado para outros vestibulandos. Não existe dificuldade que não possa ser vencida e vale a pena lutar por aquilo que você deseja e mesmo sendo difícil a correria de vestibulando o resultado vem. Persista, persista até conseguir alcançar aquilo que almeja sem duvidar da sua capacidade, porque todo mundo pode desde que se dedique e lute para isso”, disse a alagoana.
Confira os argumentos da redação nota 1 mil de Aldillay Maria:
- Constituição
“Na introdução eu citei a Constituição, porque em uns dos artigos dela, ela fala que o acesso ao lazer deve ser para todos, igualitário para todos os indivíduos. Eu fui argumentando que apesar de ter isso na constituição na prática não há, porque nem todo mundo tem acesso aos cinemas, que foi o tema, a democratização do acesso ao cinema no Brasil”, disse a alagoana.
- Falta de incentivo à cultura
“Usei as teses de que a cultura é muito mercantilizada, por isso menospreza quem não tem valor aquisitivo para que ter acesso ao cinema. E também as escolas tem uma abordagem deficitária em relação ao incentivo da cultura. O ensino das melhores escolas é muito técnico, a maioria dos professores não está interessado em passar o incentivo à cultura”.
- Renascimento Cultural
“Eu escrevi quatro parágrafos, um de introdução, dois de desenvolvimento e um de conclusão. No primeiro de desenvolvimento eu citei o Renascimento Cultural, que foi um marco histórico no qual se valorizava o conhecimento através das artes. Eu quis mostrar que hoje isso não é muito levado em consideração, justamente por ser deficitário o incentivo dos alunos à cultura, porque a cultura também pode trazer conhecimento.
- Escola de Frankfurt
“No segundo parágrafo de desenvolvimento eu falei da Escola de Frankfurt, que é uma escola de sociólogos que abordaram a indústria cultural, que é quando a indústria passar a ter um valor, um produto. A cultura é tratada como um produto pela indústria. Como na maioria das empresas , o cinema está preocupado em obter lucro e não propor propagar a cultura em si”.
- Proposta de soluções
“E na proposta de intervenção eu busquei solucionar essas abordagens ao longo do desenvolvimento, de que há um precário incentivo à cultura nas escolas, de o número de cinemas deveria aumentar, principalmente em lugares mais segregados, porque as pessoas não têm condições de pagar cinema caro. Sempre de acordo com as competências do Enem, que são cinco”.
Fonte: G1 Alagoas